O 3º trimestre de 2025 foi marcado por turbulências e debates que mexeram com o mercado de renda fixa no Brasil. Em meio à crise de liquidez envolvendo o Banco Master e à expectativa de mudanças na tributação dos investimentos isentos e a aprovação na câmara dos deputados do Projeto de Lei nº 1.087/2025 que isenta de IR quem recebe até R$ 5000.00 e cria a aliquota mínima de IR de 10%, os investidores buscaram refúgio e oportunidades em ativos que oferecem segurança, previsibilidade e, cada vez mais, isenção fiscal. Os dados exclusivos da Meelion que compara mais de 2.500 títulos diariamente, ajudam a entender, com profundidade, como o investidor brasileiro está reagindo a esse cenário.
Isenção fiscal segue como prioridade
A discussão sobre o fim da isenção para LCIs, LCAs, CRIs e CRAs dominou o noticiário, e recentemente o Governo teve uma derrota onde a Medida Provisória 1.303/2025 não passou por votação na câmara dos deputados e caducou, mantendo a isenção de IR nesses ativos. Isso fez com que a busca por investimentos isentos de imposto de renda disparasse na Meelion. LCAs e CRIs, por exemplo, concentraram juntos uma fatia significativa das buscas, superando inclusive alguns títulos tradicionais.
Entre os filtros mais acionados na plataforma, ‘Isentos de IR’ e ‘Indexados ao IPCA’ ganharam protagonismo — sinal de que o investidor quer combinar benefício fiscal com proteção contra a inflação dado a incerteza fiscal que vivemos no momento. No macro, a meta de inflação do BC é de 3% (banda 1,5%–4,5%), enquanto as projeções para os próximos anos giram acima da meta. O governo ainda busca cumprir o arcabouço (meta de primário próximo de zero e limite de crescimento de despesas), com ajustes de receita via aumento de arrecadação e bloqueios orçamentários ao longo do ano — um cenário que mantém incertezas no radar do mercado que precifica uma alta da inflação ao longo dos próximos anos.
CDB: segurança em tempos de incerteza bancária
Se por um lado a crise do Banco Master acendeu o alerta para o risco bancário, por outro, os CDBs mantiveram a liderança entre os produtos mais acessados — mas com um perfil de busca mais criterioso. Observou-se um aumento no uso de filtros relacionados ao emissor e ao prazo de vencimento, com preferência por bancos de grande porte e títulos com vencimento mais curto, em especial 1 ano. Isso reflete a cautela do investidor em relação à solidez das instituições, especialmente após episódios de estresse no setor dada a negativa do Banco Central a autorização da compra do Banco Master pelo Banco BRB.
CRIs e CRAs: apetite por diversificação e risco controlado
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) também ganharam espaço, impulsionados tanto pela isenção fiscal, quanto pelo interesse em diversificação. Entre os ativos mais acessados no trimestre, CRIs ligados a grandes e médias empresas do setor imobiliário como a Bild e CRAs atrelados ao agronegócio como aUbyfol figuram no topo do ranking.
Debêntures: seletividade e busca por incentivos
Apesar da volatilidade, debêntures incentivadas e tradicionais continuam atraindo atenção, mas de forma mais seletiva. Os dados da Meelion mostram que, mesmo com discussões sobre mudanças fiscais, o investidor ainda enxerga valor em debêntures de empresas sólidas, especialmente as incentivadas, que seguem isentas de IR e que estão oferecendo bons prêmios. Os mais buscados foram os Debentures do Grupo Pão de Açucar (GPA) – que estão pagando bem por conta dos riscos envolvidos dado o momento mais delicado da empresa – e também os da Brasil Tecpar, grande empresa de telecomunicações. O uso de filtros para encontrar debêntures com vencimentos intermediários e indexadas ao IPCA reforça a busca por equilíbrio entre retorno real e previsibilidade.
O CCB da Allu Invest é o Destaque entre os alternativos
Entre os chamados alternativos, a Cédula de Crédito Bancário (CCB) surpreendeu ao figurar entre os ativos mais acessados na Meelion no 3º trimestre de 2025. Apesar de ainda representar uma fatia menor frente aos tradicionais, a CCB se destacou pelo aumento proporcional de interesse, especialmente em emissões prefixadas de prazo intermediário e longo. O movimento reflete uma busca do investidor por diversificação e taxas mais atrativas em um cenário de maior seletividade diante do risco bancário. Entre os ativos alternativos mais acessados, CCBs de emissores como Allu Investimentos ganharam relevância, aparecendo em posições de destaque no ranking dos títulos individuais mais consultados por conta dos bons prêmios pagos e a solidez da maior empresa de aluguel de eletrônicos do Brasil. Esse comportamento sugere que, diante das incertezas do setor bancário e do debate sobre tributação dos isentos, investidores atentos estão ampliando o leque de opções e enxergando nas CCBs uma alternativa interessante para equilibrar risco e retorno — principalmente quando associadas a emissores sólidos e operações estruturadas.
Emissores: confiança nos grandes, espaço para novos players
A análise dos emissores mais procurados revela um cenário de confiança nos grandes bancos — Itaú, Bradesco, BTG Pactual, Banco Inter — mas também uma abertura crescente para securitizadoras, fintechs e empresas do agronegócio. O destaque ficou com a MRV que foi a 2a mais buscado do site por conta dos ativos que estão pagando acima de IPCA + 10, o que reforça mais uma vez o interesse do investidor nos ativos atrelados a inflação.
Essa diversificação é reflexo tanto da busca por melhores investimentos quanto da preocupação com o cenário macro economico, especialmente após a crise do Banco Master e a crise do fiscal.
Conteúdo mais lido: educação e análise de risco
O comportamento dos usuários no blog da Meelion reforça a tendência de um investidor mais informado e exigente. Os artigos mais acessados abordaram as análise de risco exclusivas da Meelion – como a da Rede Dor, Mantiqueira e da JHSF – e os lançamentos de CRIs e Debêntures dessas mesmas empresa – temas alinhados ao momento de incerteza e à necessidade de entender o risco de crédito de cada emissor. A procura por conteúdos sobre “diferença entre RDB e CDB”, “investir em ouro” e “análise fundamentalista em renda fixa” também indica um movimento de diversificação e busca por proteção patrimonial.
O que esperar para os próximos meses?
Com a manutenção da isenção fiscal em títulos como LCI, LCA, CRI e CRA, a tendência é que esses produtos sigam entre os favoritos do investidor brasileiro, especialmente enquanto perdurar a incerteza regulatória. A crise do Banco Master deixou lições sobre a importância de avaliar o risco dos emissores o que reverberou em procura por ativos de curto prazo, e a Meelion continuará acompanhando de perto o comportamento do investidor para oferecer inteligência de mercado em tempo real.
Acompanhe a Meelion para entender, com dados, o que realmente move o mercado de renda fixa no Brasil.

Escrito por:
Equipe de Redação da Meelion.
Ela é formada pelos founders Dan Mark Printes e Eduardo Horvarth e também escritores convidados. Entre em contato aqui.












